segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

A incrível necessidade de ofender



Outro dia desses li uma reportagem sobre as declarações de Ed Motta acerca de um tributo a Tim Maia que terá a participação de Ivete Sangalo e Criolo. Ed faz uma série de críticas que seriam plenamente aceitáveis não fosse a desastrosa frase final: "Mais do que sacanagem, é um desrespeito por gente que dedicou a vida inteira a isso. Vontade de vomitar, que coisa PODRE".  

Imediatamente me veio à mente a série de discussões das quais participei, ou apenas li, desde as eleições e que sempre descambam para a ofensa pessoal. Então fiquei me perguntando: por que temos essa incrível necessidade de ofender quando as opiniões e situações divergem do que queremos, imaginávamos, achamos correto, ou seja lá o que for? Por que não conseguimos divergir simplesmente e construtivamente?

Coloquei muitas justificativas na pauta: psicologia humana, primitivismo, redes sociais, nível cultural, formação, informação, etc. Porém só uma explicação me convenceu, vivemos em uma sociedade que nos fez acreditar que nossa opinião é mais importante que qualquer outra, e que podemos expor e defender sem medir conseqüências, e digo mais, aprendemos que não podemos aceitar quando as mesmas ofensas são contra a gente. Sim, somos idiotas por acreditar nisso e salvaguardar esse nosso suposto direito.


Nossas opiniões são importantes sim, mas não mais que as relações que construímos e as que ainda virão. Eu tenho feito a minha parte, penso algumas vezes antes de expor minhas idéias e com isso aprendi que perder, ou nem sequer começar uma discussão não me faz menos inteligente, não influencia na minha personalidade, não altera meus valores, apenas me ensina que pessoas são diferentes, pensam diferente, e o mais importante, elas tem esse direito. Podemos achar pontos convergentes sempre, e é com eles que vamos construir coisas belas.